
Já reparam na crescente falta de civismo existente em Lisboa?
Ok, não é só em Lisboa, mas como não estou em toda a parte vou-me limitar ao que posso observar e sentir na pele.
Já chegou a um ponto em que até os cegos que pedem no Metro insultam as pessoas que os ignoraram durante a travessia entre carruagens. É um espectáculo um bocado triste de se ver (ou ouvir, no caso deles).
Talvez isto não acontecesse se se apercebessem que os seus companheiros de viagem são igualmente cegos. Uma cegueira diferente, claro.
Há os que são cegos pela desconsideração, como o animal que passeia de carro com a música em altos berros, independentemente da altura do dia ou noite.
Seria aceitável numa autoestrada, mas no meio da cidade, ainda para mais parado nos semáforos: não.
Merecia um cortejo de camiões do lixo à porta a meio da noite, no minimo.
Depois temos os cegos pelo egoísmo, como os sacripantas que roubam os sacos que as Juntas de Freguesia colocam nos parques para que os donos dos cães deixem de ter desculpa para apanhar os dejectos dos seus animais.
Mereciam que lhes fizessem o serviço à porta, como agradecimento. Os cães, não os donos, atenção.
Temos ainda os sonsos que fingem não ver grávidas, reformados e entravados quando estes andam em pé nos transportes públicos. Esta cegueira é agravada se estiverem sentados nos lugares reservados para essas mesmas pessoas.
É-vos familiar?
Mereciam um lugar cativo num autocarro sem tecto em pleno inverno siberiano ou um autocarro só para eles, devidamente identificado como Transporte para Deficientes (neste caso deficientes cívicos)e que parasse em todas as estações e apeadeiros, independentemente do facto de haver gente para entrar ou não.
Já reparei também que as pessoas já desistiram sequer de se desviarem umas das outras, fazendo com que os que ainda o fazem (como é o meu caso), por vezes pareçam bailar entre os cepos que se atravessam no caminho.
Deixo à vossa imaginação o castigo adequado a estes zombies.
São apenas alguns exemplos do que se pode presenciar diariamente sem grande esforço.
Pensando bem, os cegos do Metro têm mais é que ter calma. Pelo menos até começarem a levar encontrões de bezerros disfarçados de humanos. Por enquanto ainda se desviam quando vêem a bengala. Por enquanto.