terça-feira, 18 de novembro de 2008

Presentes matinais & gentes anormais


A Arvore dos Patafurdios - Sergio Godinho


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Ui. É um daqueles dias em que está um frio desgraçado mas sabemos que se não saltarmos da cama à hora do costume vamos ter uma prenda bem quente no tapete.

Isso nem chega a ser o pior. O pior é saltar da cama, vestir qualquer coisa quente e ao sair do quarto ver que o animal ainda nem se levantou.
"Que querido, enroscadinho a dormir", pensarão alguns. Não! Querido sou EU a dormir. O cão ainda nem seis meses tem, é um inexperiente na arte.

Bom, lá se levanta e vem ter comigo como quem diz "Que vamos fazer hoje?" ao que responderia (se fosse uma daquelas pessoas que julga que os cães falam connosco)" Sei lá, que tal um jacuzzi seguido de um passeio pela Serra da Arrábida, milord?" Azar do bicho, não sou capaz de manter uma conversa com ele, logo a hipótese anterior é automaticamente descartada.

Saio de casa, bicho pela trela, rumo ao maravilhoso parque. Verdade seja dita, estava a ser irónico com o "maravilhoso", mas o parque até que é decente. Não é idílico, mas... hmm. Seria perfeito se de alguma forma a natureza que o compõe pudesse seleccionar as visitas de acordo com a forma como o tratam (ao parque. Adiante.

Chego ao parque e automaticamente olho em volta, certificando-me de que não se encontra nenhum dos elementos de risco por perto: cães vadios, sem abrigo ou velhas com sacos. Qualquer um destes um possível foco de atenção para o cão e um garantido espectáculo de luz e som que eu dispenso seja a que hora for. Ena, nada.

Solto o Nabo. Damos umas voltas pelo parque. Ele vai regando aqui e ali enquanto eu aproveito para organizar mentalmente o meu dia e para amaldiçoar baixinho todas as janelas de persianas corridas que vejo, onde certamente alguém dorme que nem um porco; um prazer que me é negado. Injustamente, acrescente-se. EU é que devia estar a dormir. Mas o cão não se passeia sozinho.

Começam a chegar as primeiras pessoas e, azar dos diabos, uma delas tinha que ser um homem(que inicialmente me pareceu na casa dos 50 anos mas que mais tarde revelou possuir a lógica e rapidez de raciocínio de um chimpanzé retardado) com um Pincher. Para quem não sabe, o Pincher é o cruzamento de um rato com uma aranha. Adoráveis, portanto.

Segue-se a habitual conversa entre donos de cães, que é uma variante da conversa sobre o tempo entre pessoas que normalmente nem as horas diriam uma à outra.

Para minha alegria o Nabo decide-se de uma vez e lá faz o serviço dele. E lá vou eu com o saquinho apanhar o "presentão", enquanto sustenho a respiração, debaixo do olhar escandalizado do dono do Pincher. "Você apanha isso porquê? É uma porcaria"
"A sério? Pensava que era ouro"- apeteceu-me responder. Saiu-me antes um educado: "Para manter o parque limpo. Já basta o que deixam os outros cães e que ninguém limpa".

A resposta não se fez tardar: "O meu [inserir nome do pincher aqui, não me lembro]é como se fosse um dos meus filhos e eu não apanho o dele. Ele às vezes até as come." Tentei afastar a imagem mental que insistia em aparecer enquanto ele concluía: "Ora se não apanho o dele, não apanho o dos outros. Você limpava a "porcaria" dos filhos dos outros? Tá claro que não".

Calei-me. É daqueles momentos em que perdia se dissesse a verdade ou se mentisse.
Pelo caminho ainda vinha a pensar no que tinha acontecido. Se o "filho dele até as come", porque é que ele se levanta tão cedo? Está a perder minutos preciosos de sono e a negar ao "filho" um pequeno-almoço. E será que este sairá ao pai?
Com um sorriso parvo na cara (o habitual, portanto) lá apressei o passo, de regresso ao covil.

6h37 e ainda tanta coisa por fazer...

2 comentários:

Anónimo disse...

Zezinho!! Impressionante, há pessoas que conseguem sempre piorar as coisas e deixar-nos com imagens mesmo porreiras!! Mas vês, até encontraste alguém à tua altura em matéria de inconveniência... Lol.

E pra quando as tuas conclusões acerca da votação??? Está bastante empatado!!

Bjinhus e que amanhã tenhas um passeio com o Nabo ainda mais emocionante!! (Enquanto eu ainda estou bem quentinha no vale dos lençóis!!Hehehe!!)
Ana (vá, aquela que mora na bela cidade de Vila Franca de Xira!!)

Anónimo disse...

olha tenho de dizer que também eu fui olhada de lado enquanto apanhava os pequenos cocós das minhas cadelas (sim, que eram sempre coisinhas piriris...)!

quer dizer, anda uma pessoa preocupada com os espaços limpos e agradáveis para os outros e ainda te criticam por isso...realmente...

quanto ao não poderes ficar na cama...bem, aí já não te compreendo...a becky ou a fiona (eram os nomes das bichanas) deixavam o primeiro presentinho da manhã no nosso quintal...ao menos aguentavam até mais tarde =)=)=)

eu fiquei a pensar foi na pergunta "você limpa a porcaria dos filhos dos outros?"...bem, a realidade é que provavelmente limparás...nós, como (futuros)educadores de reguilas, acabamos sempre por fazê-lo...lolada

bjuzzzzzzz